Bahia e o
Artesanato

A Bahia, território de diversas realidades sociais, econômicas e culturais identifica-se na rica produção de arte popular e na sua gente, na sua longa e heróica história de brasilidade.

Essa Bahia feita a mão convive com muitos e diferentes processos de criação, de sabedoria tradicional, de reinvenção, de continuidade ao ser barroco afro, da sua fé múltipla e plural e aos seus saberes musicais, gastronômicos, de arquitetura e religiosos.

Sustentabilidade, inclusão, tradição e criatividade estão expressas na produção artesanal do estado da Bahia.

Criações que reúnem valor cultural e técnica, resultantes de trabalho manual e que expressam a identidade do povo baiano compõem o vasto repertório artesanal do estado da Bahia.

CERÂMICA

A mais difundida e abundante das ocorrências artesanais da Bahia, a arte de modelar o barro, é também um dos ofícios mais antigos exercidos pelo homem. As principais olarias foram construídas pelos padres jesuítas, há cerca de trezentos anos; eram feitos tijolos e telhas de barro para as construções, utilizando-se a mão-de-obra indígena e escrava. Vasilhames destinados ao cozimento ou guarda de alimentos, objetos lúdicos e de rituais foram produzidos por nossos antepassados para suprir necessidades básicas e sociais.

Modelada à mão ou com ajuda do torno, o artesanato da cerâmica existe em quase todos os municípios baianos. Mais produzida na zona rural, a cerâmica abrange uma variedade de peças utilitárias, decorativas e figurativas, como potes, talhas, tachos, porrões, alguidares, panelas, fogareiros, imagens sacras e esculturas de cenas cotidianas.

A “louça de barro” da Bahia, na sua quase totalidade, é de origem indígena, tendo como características o uso de pigmentos naturais para pintura, a modelagem à mão, a utilização da cabaça e coité para acabamento das peças e a queima em fogueiras a céu aberto.

CESTARIA E TRANÇADO

A atividade do artesanato em fibras, generalizada em quase todas as regiões do Estado, comprova a riqueza da matéria-prima e a criatividade da mão-de-obra da população baiana. De origem indígena, a arte de trançar utilizando fibras do ouricuri, piaçava, dendê, buriti, sisal, caroá, tucum, junco, ariri e cipó envolve homens, mulheres e até crianças, que desde pequenas aprendem a técnica passada de pai para filho.

Na Bahia, do litoral ao sertão, todo “povo da roça” sabe trançar e transformar fibras em objetos com funções decorativa e utilitária, como cestas, chapéus, bolsas, tapetes, balaios, esteiras e outros com características próprias de cada região, demonstradas pelas formas geométricas, cores, formas de tingimento, espessura das talas e tipos de trançado.

Atividade predominantemente feminina, garante a sobrevivência de muitas famílias, agregando grupos de produção nos processos de coleta da matéria-prima, secagem, tingimento, desfiamento e o trançado, que dá forma ao produto final.

RENDA

De origem européia, as rendas e os bordados foram trazidos para o Brasil pelos colonizadores portugueses. Atividade tipicamente feminina foram introduzidos na Bahia e passaram a incorporar a cultura baiana através de peças que enfeitavam roupas pessoais, cama, mesa, banho e toalhas das igrejas. A renda é um tecido de malhas abertas, com textura delicada, cujos fios se entrelaçam formando um desenho. De acordo com a técnica do fazer e o material utilizado, recebem nomes específicos que as identificam.

Na Bahia ainda são produzidas as rendas inglesa ou renascença e a de brilho, sendo que em várias regiões a produção foi extinta ou está restrita a poucas mulheres idosas.

Mais disseminada no litoral, a renda de almofada ou de bilro é o tipo mais popular, passada de geração a geração.

Feita com bilros de madeira, a partir de um modelo feito em papelão perfurado, que é preso em uma almofada recheada de palha, por meio de alfinetes ou espinhos. Na parte do bilro que termina por um disco pequeno, a linha é enrolada dando um nó falso para segurar, a outra ponta, ocupada por uma bola, é que permite a troca dos dedos, no enrolar e cruzar das linhas. Às vezes, em uma só peça é usada mais de cem bilros. Algumas rendas são bastante trabalhosas e exige experiência da mulher rendeira na troca dos bilros e acerto dos pontos.

Erroneamente chamada de renda inglesa ou renascença, surgiu na França, a partir das rendas de Veneza, na Itália. O nome vem do Renascimento, período no qual foi criada. Artigo de luxo naquela época, com ela se enfeitava o vestuário da corte.

Incluída na categoria de renda de agulha, é feita a partir de um modelo riscado em papel, sobre o qual é preso o lace ou fitilho, espécie de cadarço fino, vendido em peças. Com a agulha vai-se ligando os desenhos de lace, formando a renda, tendo como base um papel grosso, onde é alinhavado o lacê sobre o modelo do desenho.