Territórios

A arte popular é um tema de forte expressão estética, mas é antes de tudo trabalho, mercado, consumo, quando incluídos e valorizados como bens culturais agregados, enquanto manifestações de identidades, de reconhecimento étnico, de valor patrimonial.

Reveladores de uma região, de um lugar e de individuos que desenvolvem na arte popular as suas profissões e que mostram as bases da sua arte, tradição e criação: da zona urbana, do Recôncavo, do sertão, do litoral. Além do valor sociocultural, a atividade possui relevante valor econômico e é responsável pela geração de renda de milhares de famílias e trabalhadores baianos.

Bordados, carpintaria, cerâmica, cestaria, costura, papietagem, renda, tapeçaria, tecelagem, entre outras tipologias, unem tradição e inovação, numa intrincada rede de influências e origens.

BAÍA DE TODOS-OS-SANTOS

Tradição da cerâmica Aratu e da miscigenação cultural, por mãos afro-brasileiras, aqui são produzidas rendas de bilro, bordados em richelieu, cerâmicas moldadas a mão e miniaturas de saveiros. Com o maior centro oleiro de cerâmica utilitária da América Latina, Maragogipinho.

LITORAL NORTE

Marisqueiras e pescadores transformam a palha da piaçava em esteiras e bolsas multicoloridas que contrastam com a cerâmica de Rio Real. O bordado em redendel de Inhambupe e renda de bilro de Dias D’ávila trazem a delicadeza das mãos femininas.

CHAPADA DIAMANTINA

Nascidas da corrida pelo ouro e diamante, cidades tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mantem tradições como o crivo rústico de Rio de Contas. Em Andaraí, o colorido da Festa do Divino se traduz em bordados multicoloridos, fé que se expressa também pelas mãos de seus mestres santeiros. Pedras se tornam preciosas pelo trabalho dos lapidadores e escultores. Morro do Chapéu representa a beleza de sua flora em sofisticados fuxicos de retalhos.

NORTE DA BAHIA

À margem do Rio São Francisco, artistas traduzem a beleza árida da caatinga em produtos do cotidiano. A palmeira do licuri simboliza a força, matéria-prima de trançados variados e alimento das araras azuis. Mulheres guerreiras, da cadeia do sisal, unem cânticos à produção artesanal. Redes de dormir embalam a tradição indígena. A culinária guarda o sabor especial das panelas de barro moldadas a mão e queimadas em fornos de telhas.

COSTA DO DENDÊ

Praias e ilhas cercadas por manguezais e a Mata Atlântica com balneários multiculturais e comunidades quilombolas que a partir das palmeiras, como o dendê, a piaçava e o coco-da-baía, produzem biojoias e trançados afro-baianos. A fertilidade do Vale do Rio Jiquiriçá proporciona os trançados em fibra de bananeira e cipó e, mais ao sertão, revela a cerâmica utilitária de Itatim e dos trançados em fibra de licuri em Santa Terezinha e Iaçu.

COSTA DO CACAU

Histórias e tradições expressadas através de santeiros barrocos, que moldam argila, bordadeiras e bonequeiras, reproduzem a fauna e a flora, como o mascote da região, o mico-leão-dourado. São João da Panelinha reúne artistas que aproveitam os recursos da Mata Atlântica de forma sustentável, produzindo artefatos utilitários com cocos e madeiras.

COSTA DO DESCOBRIMENTO

Multicultural e internacional, diversos artesanatos convivem com a resistência e cultura indígena, pataxó, adornos corporais com sementes, instrumentos musicais e objetos do cotidiano, influenciando também o interior da região, que emprega matérias-primas nativas em composições contemporâneas.

SUDOESTE

A cultura do algodão, na agricultura familiar e sua produção doméstica, da plantação da semente à tecelagem, passando pelo bordado e pelo macramê. Bordados e rendas lembram a produção artesanal dos sequilhos e biscoitos. Moringas e panelas produzidas em Condeúba são usadas na cozinha regional. Finos trançados de ginete em Boa Nova tornam mais floridas as tramas regionais.

OESTE

Os buritis, a romaria de Bom Jesus da Lapa e a beleza da cidade de Barra, unidas pelo Rio São Francisco, revelam trançados de fibras e cerâmicas figurativas, que expressam a fé. As figuras de proa das embarcações do Velho Chico, as carrancas do Mestre Guarany, representam a cultura ribeirinha, que emprega potes e moringas de produção regional para armazenamento da água. As cantigas das festas estão também presentes nos bordados multicoloridos do município de Santa Rita de Cássia.