Ateliê Mão
de Mãe

O Ateliê Mão de Mãe surgiu pelas mãos de uma mãe batalhadora, fonte de inspiração para um filho amoroso e visionário. Natural de Salvador, o fundador da marca baiana Ateliê Mão de Mãe, Vinicius Santana cresceu observando a mãe, Luciene, desde os 14 anos comercializar seu artesanato por valores ínfimos para sustentar a família. Ela precisava manter quatro filhos, como mãe solteira.

Até que no momento da pandemia, março de 2020, Vinicius que era vendedor de loja de shopping, mas sempre apaixonado pela arte, resolveu tentar novamente os manter através da arte da mãe, mas dessa vez de uma outra forma, valorizando. Ele, que sempre foi o provedor da família, resolveu criar o Ateliê Mãe de Mãe, junto com seu sócio e namorado, Patrick Fortuna.

Numa época que deixou as pessoas ainda mais conectadas a inúmeras telas, a moda buscava refúgio no artesanal e nas técnicas manuais, nas quais o Brasil tem tradição: Franjas de palha, macramê, crochê e renda ganhavam protagonismo nas novas coleções nacionais ao adornar as roupas com búzios e miçangas, matéria prima da Mão de Mãe, além das modelagens e do mix de cores nada óbvios.

Ao compartilhar no Instagram cliques feitos por Vinicius a marca chamou a atenção de mulheres Brasil afora. Com apenas duas crocheteiras na equipe, Vinicius e Patrick cuidavam de tudo um pouco, da direção criativa ao branding e financeiro.

O negócio teve seu momento de virada em janeiro de 2021, quando stylists entraram em contato para vestirem suas clientes com looks da marca e pouco depois, veio o convite para integrar a São Paulo Fashion Week (SPFW).

O objetivo sempre foi criar um grupo de mulheres, mães desempregadas, para que consigam se manter por meio da sua arte e assim, o projeto se transformou em um coletivo de mulheres. Também com um outro recorte: criadores negros que estão na luta há muito tempo para conseguir apoio, visibilidade e reconhecimento do seu trabalho.

COLEÇÃO MARAGOGIPINHO

“Não duvide do poder e da força das mãos”, diz o filme que abre a apresentação da Ateliê Mão de Mãe na SPFW. O foco do Ateliê no trabalho manual não se resume apenas ao crochê. Na recente coleção da grife escolheram homenagear Maragogipinho, município na Bahia que é um dos maiores pólos cerâmicos da América Latina.

Querem que as pessoas valorizem o feito à mão e por isso honram essa cidade em que tantas pessoas vivem da arte manual, nos trabalhos de olaria conhecido mundialmente. Maragogipinho questiona o consumo desenfreado e exalta a mão de obra artesã.

Para se tornar vaso, o barro precisa ser moldado por mãos que carregam história. O barro é arte milenar. Da matéria prima a produção é desenvolvido um trabalho manual sutil, delicado e afetuoso. É o fazer com as mãos, que transformam.

São etapas minuciosas e manuais que requerem mãos hábeis, assim como o crochê. A peças do Ateliê Mão de Mãe passam por um processo de produção calmo e afetuoso, se levando em torno 18 dias para a sua produção. Da olaria ao crochê, do Recôncavo a Salvador.

As texturas e tons do barro são pontos chaves de inspiração para construção da nova coleção. É dos tons dessa cerâmica que se inspiram para criar roupas numa cartela de cores que levam o crochê ao contexto urbano, em tons mais sóbrios, rosas, marrons e vermelhos e azuis, como no vestido Jaguaripe, nomeado em homenagem ao rio que corta a cidade.

É o fazer com as mãos,
que transformam.

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